sábado, 6 de outubro de 2007

1.

Hoje vi as horas e decidi um tempo que não se mede. Hoje ficas comigo, fazes de todos os segundos compassos de espera que não-mais-acabam. Por hoje, os ponteiros não andam. Só mesmo porque não quero, não posso, não tolero que me deixes, agora que te fiz. Hoje vais estar comigo e fazer-me-ei companhia. Não estou sozinha, construí-te. Juntei-te pedaço a pedaço. Pedaços de ti, tantos, todos me são. Hoje vens, entras no meu peito em pezinhos-de-lã. Encher-me-às de promessas reais, de palavras que não existem sem ti, de tudo o que não tenho mais, porque te dei. Hoje vens, entras no meu peito, e ficas até ao dia-que-não-mais-virá. Farás dos meus cabelos pouso para os voos das tuas carícias, farás da minha face caminho para o correr dos teus dedos. Até que as minhas pálpebras se fechem, e guardem o rosto que te fiz, os olhos que te dei. Hoje ficas comigo, enquanto durmo, protagonista da história da minha criação.

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