sábado, 6 de outubro de 2007

3.

Deita-te. Vira-te para o teu lado favorito. Enrosca os pés no lugar mais quente, deixa os joelhos descreverem um ângulo recto. Junta as tuas mãos, no peito. Consegues, com o ouvido na almofada, ouvir o coração que bate. Sente agora os dedos que não são teus. Descrevem pequenos movimentos na tua face. Trajectórias estratégicas, muito leves, compassadas pela tua respiração. Agora, o nariz. Sentes o nariz mimado. Depois, o dedo que foge e te conta as pestanas. Sabes que ele virá, o beijo na testa, como nos teus dias de criança. Adeus, dorme bem, com certezas de dias felizes. Amanhã, volto. Ainda que não o saibas.

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