sábado, 6 de outubro de 2007

6.

Vem. Quero que me vejas. Quero que sintas a minha presença. Quero que me peças os números da minha vida, os endereços dos meus dias e que me visites. Quero fazer contigo todas as banalidades mundanas, os cafés em mesas anónimas, os guardanapos dobrados em barquinhos infantis, os silêncios esquisitos, as risadas incomodas, os erros embaraçosos. O cheiro a pipocas, os tickets de compras, os jantares desequilibrados, os convites com segundas intenções. Quero que me contes o teu primeiro dia de escola, o teu primeiro amor, o teu prato favorito, o teu modo de ver a vida, a morte, as bolachas, o crescer das ervas daninhas, a pavimentação das estradas. Quero pegar-te na mão e não ter medo do buraco-na-estrada, de acreditar na tua cor preferida e de te sentir o paladar. Quero adivinhar-te pelo cheiro, chamar-te com o pensamento e adormecer ao som do teu contar de estrelas.
Mas antes, quero que me vejas.

1 comentário:

MM disse...

Tenho estado a ler os outros posts e sinceramente tenho gostado bastante. Há muitas coisas em que me revejo de uma maneira ou de outra.
Estou a comentar este porque me chamou a atenção a frase "Quero que me vejas.", porque também quero que alguém me veja como sou, sem preconceitos nem juízos de valor...utopias?! Talvez...

Hasta****